Dicas de um BT em Como Criar Bons Filhos no Mundo dos RDNs
(A BT’s Recipe For Raising Good Kids in an FFB World)
Este ótimo tópico foi discutido no blog Beyond Teshuva. Achei tão legal, que pedi autorizacao para traduzi-lo, e o pessoal do blog concordou :)
FFB - Frum From Birth - eh uma giria dos judeus que falam ingles para designar judeus que nasceram em lar religioso. Frum = religioso, em Yidish
RDN - jah que eu nao sei se ha tal giria em Portugues, acho que RDN funciona: Religiosos De Nascimento
Vamos lá:
"Recentemente conheci um jovem na casa dos 20 anos, filho de um talentoso rabino e educador. O pai deste jovem é um baal teshuva, e o filho eh um bochur (estudante de yeshiva, solteiro) que estuda em uma das melhores yeshivot israelenses. O garoto me deu a impressão de carregar em si o melhor que os mundos dos BTs e RDNs tem a oferecer.
Como um BT que cria seus filhos no mundo RDN yeshivish, eu só consegui desejar o mesmo sucesso que vi neste rapaz para os meus filhos. Eu perguntei ao pai dele o que ele fez, e as dicas abaixo são o que ele dividiu comigo como sendo a sua "receita".
Eu entendo que todos os lares, relacionamento entre pais e filhos são casos que devem ser lidados individualmente, e que não existe "uma camisa que serve para todos os tamanhos" e que a validade das dicas citadas dependem da hashkafa (percepção religiosa) de cada familia. No entanto, já que eu vi o produto final desta "receita" eu acho que vale a pena dividir as idéias deste pai.
Que Hashem possa nos ajudar e que todos nós tenhamos o mérito de ter filhos maravilhosos, independente da "receita" usada em cada lar!
Dicas:
1. Uma atmosfera "relax" em casa. Eu quero que eles tenham uma vida leve, e não pesada (referente a observância religiosa). Leve, porque Hashem nos ama (e sabemos que tudo ficará bem) e não leve por falta de desafios. Uma vida leve não tem nada a ver com cirscunstâncias leves. Você pode ficar orfão, passar por um divórcio, problemas financeiros e a vida pode ainda continuar a ser leve. (Para mim, esta eh a dica mais desafiadora, jah que é difícil estabelecer um ponto de equilíbrio. Como um sábio disse uma vez, qualquer pessoa pode ser um grande jardineiro no Havaí - se você tiver as circunstâncias favoráveis em casa, as crianças irão florescer de uma maneira positiva naturalmente, mesmo sob circunstâncias difíceis).
2. Jamais gritar. Jamais.
3. Erros não são o fim do mundo, são parte da vida. Eu quero que meus filhos sintam que está "tudo bem" se eles errarem, o erro nao fará deles pessoas ruins. Eles só precisam se desculpar depois, se necessário for, fazer teshuva (se arrepender) e seguir adiante. Sem escândalos.
4. Peço desculpas aos meus filhos quando necessário. Eu também não sou perfeito.
5. Não me interesso muito pelas notas escolares - middot (atributos, caracteristicas de personalidade) são tudo o que me interessa em seu boletim escolar. E isso não são só palavras bonitas, eu verdadeiramente acredito nesse princípio - e meus filhos sabem disso.
6. Jamais "etiquetar" (dar nomes, julgar) pessoas - mesmo que seja uma boa "etiqueta".
7. Elogie a ação e não a criança. (nao diga "bom garoto/boa garota", mas em vez disso, elogie a ação feita pela criança)
8. Sem punições. Em vez de punir, mostre a criança o princípio de consequência por suas ações (leva um tempo para aprender a lidar com esta dica e encontrar o ponto de equilíbrio entre ações e consequências)
9. Pergunte a seus filhos perguntas difíceis assim que você sentir que eles estão preparados para ouvi-las - por exemplo: como você sabe que D'eus existe? Como você sabe que Ele escreveu a Torá? Obviamente, depois de ouvi-los, dê a seus filhos a sua melhor resposta para tais perguntas.
10. Encorage seus filhos a botarem pra fora as perguntas mais difíceis e as que mais lhes incomodam. Valorize e aprecie suas perguntas, não tenha medo de nenhuma delas. Por exemplo: por que eu devo manter Shabbat? Todas as perguntas oferecerão uma ótima oportunidade para conversar a fundo com seus pequenos.
11. Você nao tem que ser religioso se você não quiser - a escolha é sua. Nada está sendo forçado em você. Você não me faz nenhum favor em se tornar religioso. Seja religioso por decisão própria e não por minha causa. Seja religioso porque você quer - porque faz sentido.
12. Eu tento aprender vários assuntos relacionados a Torá e sempre divido os pensamentos ligados a taryag mitzvot (613 mandamentos) com cada um dos meus filhos, separadamente. Eu também lhes dou um "incentivo financeiro" para que eles decorem taryag mitzvot ou trechos do Pirkê Avot.
13. O mundo ortodoxo pode parecer sem sentido (louco) a distância, mas é a melhor sociedade que temos - abrace-a, mas não caia em suas loucuras, mantenha sua independência (e pensamento crítico). Melhor estar em uma escola mais religiosa e nós, os pais, sejamos conhecidos como os "mente abertas" do que estar em uma escola menos religiosa e os pais serem chamados de "mente estreita".
14. Judeus seculares (não religiosos) são tão judeus quanto nós. Não-judeus não devem ser tratados com desdém, pois todos fomos criados a imagem e semelhança de D'eus. Matérias escolares seculares são importantes e valiosas.
15. É sua a responsabilidade de ajudar (sustentar) sua familia. Essa é a responsabilidade dos homens, não das mulheres.
-- Se você deseja contactar o autor deste post: Rabbi Shaul Rosenblatt - shaul@tikun.co.uk
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Agora meu ponto de vista sobre este post do beyondbt:
Em resumo, algumas pessoas adoraram as ideias e outras pessoas criticaram muito, reclamando praticamente de todas (como serah a vida dos filhos desses individuos que reclamaram de tudo?), teve ateh post censurado (deletado) pela administracao do blog... enfim... blogs sao pra isso mesmo, certo? Discussoes informais!!!
A maior questao levantada em grande parte dos posts do beyondbt eh o medo que os BTs nutrem de que seus filhos venham a enfrentar preconceito dos RDNs quando crescerem.
Esse medo faz com que alguns BTs (e guerim) se tornem paranoicos em relacao a educacao religiosa dos filhos, exagerando muito, colocando muita pressao nas criancas... e no final do dia... aquele exagero em religiosidade acaba sendo visto pelos RDNs como um comportamento artificial... ou seja, muitas vezes o exagero (desespero) de alguns BTs e guerim para se tornarem "santos" e entrarem no mundo RDN (mesmo que seja a paus e pedras!) causa o efeito contrario, e afastam os RDNs. As vezes ateh se tornam motivos de piadas entre alguns circulos RDNs... sem falar que os filhos dos BTs e guerim "paranoicos" correm o risco de se revoltar cpntra a “ditadura religiosa“ que vivem em casa... olha...ha umas historias bem feias por ai, acreditem...
A mensagem principal do beyondbt.com eh: CALMA BTs! (CALMA guerim!) Relaxem! Pois como foi discutido neste blog uma vez, nao adianta se matar para decorar a halacha inteira, pois independente do quao religiosos sejam, BTs (e guerim) nunca terao mahatunim. Nunca. Entao... relax, people. Relax. A vida eh bela. Exagero eh desespero. Melhor ir com calma e ser feliz na caminhada!
Vou traduzir duas respostas positivas (bias, bias everywhere hahahaha) desse post dos filhos, mas se vcs quiserem acrescentar algo, podem comentar aqui ou na pagina do Vida Pratica Judaica no Facebook.
E a proposito, eh um pouco dificil explicar o conceito de machatunim... mas vou tentar. Seria mais ou menos os pais do marido e da esposa... os 2 casais de sogros, os machatunim, operam como uma unica entidade unica: eles dividem os mesmos objetivos e responsabilidades religiosas sobre filhos e netos: eles ligam, planejam, ajudam, visitam, cozinham juntos etc, etc, etc.
Os pais dos BTs nao sao religiosos. Nao ha possibilidade do BT ter machatunim, entao por que o panico em querer ser mais frum (religioso) que Hashem?
E quanto aos pais dos guerim, well... nossos pais nem judeus sao! :DDDDDDDD huahuahauahauahuahauhauauauauaua entao nao ha motivo algum pra vc querer exagerar sua religiosidade ou se alienar... somos o que somos e quando assumimos isso de coracao aberto e com orgulho, agimos naturalmente e somos aceitos em todos os lugares, em todas as comunidades :)
Agora as traducoes:
"Charnie -
Um dos melhores conselhos que eu jah ouvi caem no contexto da dica nº 8. A rebbetzin me disse que quando ela era crianca, se ela ou seus irmaos fizessem algo errrado no Shabbat (brincar com lapis de cor, por exemplo) seus pais os corrigiriam de uma maneira calma e tranquila, dizendo somente "nos nao brincamos com isso no Shabbat, vamos fazer outra brincadeira", sem nenhuma raiva, horror ou outro sinal de negatividade. Infelizmente, muitos BTs pensam que seus filhos vao "fritar", ir pro mau caminho, se eles fizerem algo errado. Shabbat eh um dia de alegria, nao um dia para as criancas ficarem paralizadas porque nao podem fazer isso ou aquilo."
"Judy Resnick-
Bom, como uma mae de 7 filhos e avoh de 16 (ateh agora), eu vou acrescentar algumas sugestoes:
Eu diria que se divertir sendo Judeu eh o mais importante: faca de Purim uma festa super importante, cante em voz alta as zemirot (cancoes) de Shabbat, passe DVDs judaicos divertidos (e de vez em quando, soh quando for apropriado, faca bobagens como colocar uma colher no seu nariz)
R-E-S-P-E-I-T-O. Todos em casa respeitam o rei-papai e a rainha-mamae. A rainha-mamae e o rei-papai respeitam os professores, todos da sinagoga, os filhos do rabino, diretores da escola etc. A rainha-mamae o rei-papai tambem respeitam seus proprios pais, e tambem os Gedolim e os rabbanim e a Torah.
Criancas devem ser respeitadas tambem."