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Doença Mental e Suicídio

Ha uma caixa de Pandora existente em comunidades ortodoxas que segue a politica do "Don't ask, don't tell" (Nao pergunte, nao conte a ninguem). Neste post, usarei varias mencoes de Sharon Shapiro, a voz atras do blog Kol B'Isha Erva, e algumas referencias discutidas em jornais judaicos sobre sobreviventes e parentes de vitimas.


O profeta Elias, durante um episodio de grande stress, pediu a Deus para que lhe tirasse a vida. O profeta Jonas tambem, por alguns momentos, nao viu sentido em sua vida. Hashem auxiliou os dois, cada um de uma maneira unica e muito cuidadosa. Os dois desistiram da morte e decidiram viver.


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Kol B'Isha Erva: "Hoje eu li um artigo chamado, "Quebrando o silêncio sobre o suicídio judaico." O artigo trata de famílias que têm que lidar com a tragédia ter um ente querido que cometeu suicídio, e a tentativa de quebrar o estigma que rodeia o suicídio no mundo judaico.


No judaísmo, o suicídio é semelhante ao assassinato. Assim como não é permitido tirar a vida de outra pessoa, não estamos autorizados a tomar a nossa própria vida. Apenas Hashem pode decidir quando o nosso tempo neste mundo está acabado. Em certo sentido, nossas vidas não são nossas. Vivemos num tempo emprestado, em vasos físicos emprestados, e nosso trabalho é fazer neste mundo eh fazer mitzvót e contribuições positivas durante o nosso tempo que aqui morarmos. Em certo sentido, nossas vidas não são nossas e por isso nao podemos elimina-las.


Aqueles que acabam com suas próprias vidas são considerados transgressores um pecado grave. Se a causa da morte de alguém é confirmada como suicídio, essa pessoa não pode ser enterrada ao lado de outros judeus, e sua família nao pode manter os rituais da semana de shiva.


Hoje, como o nosso conhecimento de psicologia e saúde mental melhorou, sabemos que mesmo se um ato de suicídio foi premeditado (isto é, deixando uma nota de suicídio ou reunindo suprimentos para praticar o ato), muitas vezes o estado mental da pessoa indica que foi impossível que eles tenham feito uma escolha racional ao decidir terminar a própria vida. A pessoa, em estado de desespero e com uma dor (interna ou externa) tremenda, não pode ser considerada totalmente responsável por sua ação. Porque a pessoa com saude mental danificada é impotente diante de sua crise, qualquer reprimenda ou punição após a sua morte não deve ser implementada.


[Por isso] Eu acho que há uma grande necessidade de financiamento e cuidados para a manutencao da saúde mental na comunidade judaica.


Planos de seguros privados, muitas vezes têm cobertura limitada para problemas de saúde mental, e aqueles que dependem dos serviços públicos de saúde são muitas vezes dispensados sem os devidos cuidados, jah que o sistema de saude publica estah sobrecarregado.


Embora existam muitas organizações de caridade judaicas que ajudam as pessoas com tudo, desde alimentos, casamentos, lar e ateh mesmo para tratamentos de infertilidade, não há muitos que atendam especificamente tratamentos de saúde mental.


Disseram ao meu marido uma vez que abrir um serviço de saúde mental em nossa comunidade judaica seria abrir uma caixa de Pandora. A necessidade seria tão grande, que nenhuma organização poderia recolher os fundos necessários.


Consequentemente, ficamos com a situação irônica de ter uma necessidade comum que eh simplesmente deixada a deriva devido à grande demanda.


Parece estranho que a comunidade judaica possua tantas linhas diretas (servicos de ajuda) para várias emergênciaa, mas não há nenhuma linha direta de prevenção suicídio em comunidades judaicas, que seja amplamente divulgado.


O suicídio de Faigy Mayer (uma jovem que deixou o hassidismo e por causa disso foi abandonada pela familia), bem como histórias semelhantes de suicídios trágicos que vieram antes dela, traz reações rápidas de algumas pessoas na comunidade.


Quando a escavação jornalística revela uma história de doença mental, tal fato é trantado como sendo a verdadeira causa do suicídio. É muito fácil para absolver-nos de responsabilidade com a desculpa de que o falecido sofria de depressão ou bipolar ou ansiedade - culpam sua química do cérebro e deixam a comunidade sem ser incomodada.


No entanto, quantas pessoas sofrem de problemas de saúde mental e não manifestam tal problema, exceto sob estresse extremo?


Quantos episódios que levam ao suicídio depressivo poderiam ter sidos evitados se a pessoa não tivesse sofrido isolamento e condenação?


Um diagnóstico de saúde mental não nos deixa fora do gancho, tanto quanto nós gostaríamos de nos sentar e suspirar com alívio: "Veja, não é nossa culpa!"


Para aqueles vivem solidamente no mundo ortodoxo, expectativas religiosas podem nos levar a ser mais rigidos para nos mesmos do que as pessoas do lado de fora seriam [significa: ortodoxos tendem a se julgar muito mais do que sao realmente julgados pelas pessoas que os cercam].


Quando você é religioso, você nunca eh simplesmente um indivíduo. Nossas ações não apenas refletem quem somos, mas refletem nossas famílias, nossa comunidade local, a comunidade judaica como um todo, e Deus.


É muito mais difícil para que pessoas religiosas vejam alguns ​​erros inevitáveis feitos na vida simplesmente como experiências de aprendizagem. Fora do mundo frum (Yidish p/ "religioso"), é muito mais fácil de fazer uma má escolha e se recuperar depois.


A menos que você seja uma celebridade, que possuem cada movimento expostos em toda a mídia, a maioria das pessoas nao possuem uma memória coletiva de seus erros do passado para assombrá-los. Não é assim na comunidade ortodoxa, que de um modo geral, é relativamente pequena. A reputação de uma pessoa, boa ou mah, pode segui-la, mesmo que ela se mude para um local diferente.


[Antigamente, tinhamos o Beit Hamikdash e sacrificios para nos redimir] Nos tempos de hoje, nossa capacidade de fazer teshuvá e saber que fomos perdoados é limitada. Se fizermos uma aveira, sim, podemos nos arrepender, podemos confessar, nós podemos dar tzedaka, podemos prometer nunca fazer o pecado novamente, podemos bater no peito durante Vidui no Yom Kippur, podemos atirar os nossos pecados na água durante Tashlich, e podemos rezar. No entanto, nunca podemos saber se Hashem verdadeiramente nos perdoou [nao ha nenhum sinal fisico que se manifesta na hora que pedimos perdao].


Para alguns [individuos cuja saude mental eh questionavel], a dúvida de que se eles foram perdoados pode levá-los a sucumbir ao desespero.


Aqueles que sentem que cometeram um pecado imperdoável podem sentir-se farsantes ou uma fraude, situacao especialmente dificil quando nos apresentamos ao mundo como judeus religiosos.


Às vezes, esse sentimento pode ir tão longe a ponto de levar uma pessoa a se distanciar da Torá. Se uma pessoa nunca pode alcançar o perdão, apesar de seus melhores esforços, eles se sentem sem esperança. Eles não podem fechar o antigo capítulo de sua vida e seguir para um capitulo novo. O ritual do korban (sacrificios) fornecia uma forma física para conseguir o encerramento [de uma transgressao] e permitir que uma pessoa seguisse em frente psicologicamente. Parte do nosso exílio é saber que não temos um veículo com o qual venhamos a atingir esse [sentimento de] encerramento.


Aqueles de nós com altas expectativas religiosas, temos o potencial de sermos mais duros com nós mesmos. Culpa e vergonha podem ser forças poderosas por trás de pensamentos suicidas [em comunidades ortodoxas].


As expectativas adicionais que foram colocadas dentro de nós como judeus religiosos (seja no passado ou presente) tem potencial para desencadear a depressão e ansiedade quando os outros nos decepcionam de uma maneira especial ou quando nos decepcionamos com nós mesmos.


Nem todo mundo que enfrenta crises ocasionais de tristeza durante uma fase difícil na vida corre o risco de desenvolver uma crise de saúde mental.


No entanto, aqueles de nós que são vulneráveis ​​através da genética, desequilíbrios hormonais (ou seja, depressão pós-parto), desequilíbrios químicos causados ​​por efeitos colaterais (doença / medicação), ou qualquer número de outras razões que poderiam fazer-nos permanentemente ou temporariamente vulneráveis a uma crise de saúde mental, podem sofrer reações potencialmente perigosas aos fatores que geram stress e que normalmente seriam administráveis [se a pessoa for mentalmente estavel].


Falar de doença mental [em comunidades ortodoxas] não é bonito, mas o tema não deve se deixado no um vácuo. Permitindo que os sinais óbvios de sofrimento mental florescam sem tratamento, pode causar os sintomas incontroláveis, com consequências por vezes fatais."


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NOTA DA ESTHER: O clima eh de tabu. Muitas familias estao cientes da existencia de individuos com doenca mental dentro de casa, mas ninguem fala nada. Ninguem faz nada. Para algumas familias, admitir a existencia de qualquer nivel de doenca mental seria o mesmo que dar um tiro em todas as chances de shiduch do doente e seus irmaos e irmas.


Sinais de depressao infantil, episodios de comportamento violento ou abusivo, dificuldade no aprendizado, sensibilidade extrema ... a maioria sao problemas que podem ser tratados, mas nao o sao.


A pressao do yichus na familia (yichus eh tipo um prestigio que algumas familias ortodoxas acreditam possuir, caso possuam 2 ou 3 geracoes de sabios entre elas... hoje em dia, dinheiro compra yichus tbm...) e o medo de arruinar chances de casamento do doente e seus irmaos/irmas contribuem para esconder problemas mentais leves, que se fossem tratados, jamais se desenvolveriam em algo mais serio.


Varrer o problema para debaixo do tapete e fingir que tudo estah bem eh a opcao mais vista.


Algumas das consequencias de doencas mentais nao tratadas na comunidade judaica sao:


- causadores de violencia domestica que poderia ser evitada (caso a violencia seja causada por disturbio mental)


- vitimas de violencia domestica (se a vitima possui saude mental instavel, ela corre o risco de jamais procurar por ajuda e sofrer a vida inteira, juntamente com seus filhos)


- abuso infantil (sem tratamento, a vitima tem potencial de se tornar um agressor. No caso de predadores, algumas familias notam comportamentos estranhos e abusivos por parte de alguns de seus filhos, mas se nada fizerem, seu maior medo pode se tornar realidade)


- depressao (individuos com saude mental sensivel ou instavel podem entrar em depressao extrema ao serem abandonados pela familia, comunidade e amigos. Isso acontece muito qdo ultra-ortodoxos, sejam hassidim ou nao, deixam a ultra-ortodoxia.)


- traumas de guerra (o numero de suicidos de soldados israelenses, assim como soldados de outras nacionalidades, tambem preocupa)


Um dos casos mais absurdos de doenca mental nao tratada que jah vi na comunidade ortodoxa foi a de um casamento arranjado entre um homem que sofria de disturbio mental severo (que causava violencia e comportamento inapropriado) com uma mulher que tambem era portadora de um disturbio mental grave (absencia de realidade). Casados, tiveram filhos. A catastrofe, que prefiro nem mencionar, veio a seguir. E atingiu cada uma das criancas da maneira mais terrivel que alguem possa imaginar.


Outro caso, que eh bem mais comum, eh quando shadchans e familias do(a) portador(a) de doenca mental esconde de seu(sua) futuro(a) pretendente e da familia dele(a). Muito sofrimento ocorre depois do casamento.


Como a escritora do Kol Isha B'Erva diz: A DEMANDA (de portadores de doenca mental na comunidade judaica) EH MAIOR DO QUE A OFERTA (de servicos).


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REFERENCIAS:


- Uma ONG criada para falar de saude mental e suicidio na comunidade judaica:

https://www.facebook.com/Elijahs-Journey-182478658436741/


- Uma mae judia conta sua experiencia sobre a perda de seu filho, que sofria de personalidade bipolar, para o suicidio:

http://forward.com/culture/320006/breaking-the-silence-about-jewish-suicide/


- O testemunho de um jovem judeu que sobreviveu a duas tentativas de suicidio: http://www.tabletmag.com/jewish-life-and-religion/184577/breaking-silence-suicide


- Testemunho da irma de um jovem que cometeu suicidio:

http://jewishtimes.com/8859/from-darkness-to-light/news/


- Parte da historia de Faigy Meyer:

http://forward.com/news/317900/the-brave-life-and-shocking-death-of-faigy-mayer/


- Sarah Meyer, irma de Faigy Meyer, que se suicidou pouco tempo depois da irma:

http://www.nydailynews.com/new-york/brooklyn/sister-woman-life-hangs-article-1.2443479


- Ex- satmar, vitima de abuso sexual e que se tornou ativista e abandonou a religiao devido ao trauma, morre de overdose. Nunca saberemos com certeza se a overdose foi proposital ou nao, soh sabemos que o caso tem sido descrito como suicidio e que poderia ter sido evitado se toda a sua comunidade parasse de varrer abuso sexual e problemas mentais para debaixo do tapete:

http://forward.com/news/207802/anti-abuse-activist-joey-diangello-dies-of-overdos/


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Se voce possui contato com alguem que precisa de ajuda nesta area, nao seja timido em demonstrar seu apoio.


Que o Deus que ajudou Elias e Jonatas a reverter suas situacoes de morte para vida, ajude-nos tambem a auxiliar nossos irmaos e irmas que tanto precisam de nossa ajuda,


Esther

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