Mudanças no Cenário de Conversões da Rabanut
As vezes é necessário tomar cuidado com o que se deseja. E dessa vez o ITIM foi quem aprendeu esta valiosa lição... por anos eles lutaram contra a Rabanut no sistema judicial (secular) israelense, exigindo que a Rabanut fizesse uma nova lista de rabinos e batei din (plural de beit din) aprovados para conversão, assim como também exigiam que a Rabanut formalmente estipulasse critérios que justificariam a aceitação de tais rabinos e batei din... well... ganharam exatamente o que exigiram... só que não da forma que queriam.
Quem é o ITIM? ITIM (http://www.itim.org.il/en/) é uma organização criada e dirigida por rabinos ortodoxos modernos (com apoio de muitos líderes do novo movimento open orthodox, que não é reconhecido como ortodoxia) que existe em Israel. O ITIM foca em ajudar pessoas que moram em Israel e cujas conversões não são reconhecidas pela Rabanut. Além de conversões, eles também guiam tais pessoas pelo sistema religioso-burocrático israelense quando o assunto é casamento, enterro, brit milá, divórcio etc.
Eu era muito fã do ITIM até ouvir pessoalmente o líder deles, R. Seth Farber. Após ouvi-lo e posteriormente acompanhar mais de perto como eles manipulam certas informações em sua página de Facebook, eu me limito somente a assistir a atividade deles de forma neutra. Sim, o ITIM já fez muita coisa boa e já ajudou muita gente, porém... a aproximação deles com o movimento Open Orthodox (ortodoxia aberta, que NÃO é considerado ortodoxia por ninguém além deles mesmos) me deixa com o pé atrás.
Vou traduzir só as partes essenciais de duas matérias sobre este assunto. Em uma delas, a do The Times of Israel, é uma exposição do que aconteceu, e você pode encontrar os links das listas de conversão e divórcio no corpo do artigo: https://www.timesofisrael.com/after-years-long-legal-battle-rabbinate-names-approved-non-israeli-rabbis/
A outra matéria elogia a ação da Rabanut, e tenho que confessar que perante a zona que está virando esse mundo de conversões, principalmente no BRASIL e América Latina, eu concordo com o Rabino Dov Fischer que expõe muito bem seus argumentos: http://www.israelnationalnews.com/Articles/Article.aspx/23086
A maioria dos brasileiros que falam em conversão NÃO possuem a mínima idéia do que estão fazendo e de onde estão se metendo. Pior que isso é que A ÚNICA FORMA DE LUCRAREM COM ELES É MANTENDO-OS IGNORANTES!!! Ninguém lhes explica nada e os afastam de verdadeiras fontes de informação e pessoas que podem realmente ajudá-las. A maioria dos brasileiros que falam em conversão na verdade não querem um compromisso com mitzvot, querem apenas aprender conceitos judaicos, filosofia judaica, teologia judaica... mas não querem se converter e ter que arcar com a RESPONSABILIDADE, bênçãos e MALDIÇÕES a vida judaica pode trazer... querem te converter na velocidade da luz sem te ensinar NADA do que você precisa saber...isso é irresponsável e cruel.
Quando eu publiquei esse post, o enchi de opinião pessoal. O excesso de informação que dei acabou confundindo algumas pessoas, então... para evitar a fadiga, vou dividir o post em dois. Hoje, só as traduções, em outro post, minha opinião pessoal sobre o tema.
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Tradução - Times of Israel:
Autoridades religiosas (da Rabanut) atenderam
as exigências do grupo (ITIM e aliados) para publicar critérios de reconhecimento para tribunais rabínicos de conversão e divórcio.
O Grão Rabinato de Israel divulgou na terça-feira, 27 de novembro, pela primeira vez, os nomes dos tribunais rabínicos ortodoxos da diáspora (fora de Israel) reconhecidos pelas autoridades religiosas estatais para fins de conversão ao judaísmo e divórcio, após uma batalha judicial de três anos movida por uma organização israelense (ITIM).
A lista inclui cerca de 70 tribunais rabínicos ortodoxos em todo o mundo, metade deles nos Estados Unidos.
Em 2007 e novamente em 2014, a RCA (http://www.rabbis.org/) anunciou que havia firmado acordo com a Rabanut, onde a Rabanut aceitaria automaticamente todas as conversões feitas pela RCA, e o acordo é válido até hoje.
Nota da Esther: Embora a Rabanut não morra de amores pela RCA, eles aceitam todas as conversões feitas por eles. A lista de batei din da RCA pode ser encontrada a partir da página 15 do documento em PDF que contém a lista da Rabanut, disponível no link de onde traduzi esta matéria.
A lista da Rabanut de batei din aprovados para realizar divórcios apresenta mais de 80 tribunais rabínicos em todo o mundo.
Nota da Esther: TRÊS destes batei din de divórcio estão no Brasil, sendo dois em SP (Chabad Central e R. Valt) e um no RJ (R. Eliezer Stauber), você pode acessar ambas as listas de batei din aprovados para conversão e divórcio clicando na matéria do Times of Israel.
O rabinato também, pela primeira vez, estabeleceu seus critérios (em uma carta em hebraico) para aprovação de tribunais rabínicos que queiram fazer parte da lista de batei din aprovados para conversão, que entre outros assuntos, estipula que eles devem ser tribunais permanentes (em oposição àqueles que se reunem esporadicamente para situações de caso-a-caso) e ortodoxos. Aqueles que ainda não foram aprovados pelo rabinato precisarão passar por exames orais das autoridades religiosas de Israel para serem adicionados à lista, disse.
O ITIM, uma organização que ajuda os israelenses a navegar na burocracia religiosa do Estado, fez uma petição a um tribunal (secular) de Jerusalém em 2015 para pressionar o Rabinato a ser mais transparente sobre como ele determina quais conversões judaicas são legítimas.
Em março de 2016, o Grão Rabinato concordou em formular uma lista oficial.
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Tradução - Arutz Sheva
Em louvor ao Grão Rabinato que se recusou a reconhecer "conversões" ilícitas feitas por rabinos renegados.
Não há maior crueldade para não-judeus que procuram tornar-se judeus do que quando rabinos renegados lhes “convertem” ao judaísmo de repente - mas sem avisá-los de que tais “conversões”:
1. não terá amplo reconhecimento entre o povo judeu e
2. de fato tal conversão será rejeitada pela esmagadora maioria dos principais rabinos ortodoxos modernos - para não mencionar as rejeições unânimes dos movimentos ortodoxos regidos pela Aguda Israel (ortodoxos convencionais, digamos assim) e movimento hassídico.
Vou dar um exemplo específico:
Existem dois rabinos da “ortodoxia aberta” que foram ordenados (eu não uso a palavra “semicha” intencionalmente) pelo seminário Chovevei Torá (eu também não uso a palavra “yeshiva” para este local). Eles postam no Facebook e no Twitter. Eles ganham “likes”.
Eu não tenho certeza de quantos “likes” HaRav Moshe Feinstein zt “l (https://www.jewishvirtuallibrary.org/rabbi-moshe-feinstein) ou HaRav Yosef Ber Soloveitchik zt” (https://www.jewishvirtuallibrary.org/joseph-soloveitchik) ganhariam - mas tenho certeza que esses dois caras da ortodoxia aberta definitivamente ganhariam muito mais.
De seus púlpitos de mídia social, os dois se gabam de como eles viajam por toda parte do mundo “convertendo” não-judeus em pequenas cidades nas Américas.
Você consegue imaginar a crueldade? Não-judeus, digamos, no Equador ou na Guatemala, ou onde quer que você possa imaginar estão pensando após tais "conversões": “Eu sempre quis ser judeu e agora sou judeu”. Mas um dia essa pessoa enganada virá à minha sinagoga ou a qualquer uma das 95 % sinagogas ortodoxas do mundo (ashkenazitas e sefaraditas)... e descobrirão que mesmo que rabinos ortodoxos (fora do Brasil) os recebam calorosamente, com sorrisos e palavras amáveis, essas pessoas não serão chamadas à Torá, nem mesmo convidados a abrir a cortina da Arca (onde fica a Torá), entre outros rituais.
Se aparecerem cedo em 95% das sinagogas ortodoxas do mundo, e houver menos de dez homens na sala quando chegar a hora de recitar o kadish dos enlutados, o rav (rabino ortodoxo) sinalizará ao ba'l tefilah (líder de oração) para pular os kadishes e seguir em frente - porque o minyan (quórum de oração de dez homens judeus) estará faltando.
Talvez esses visitantes pensem “Hmmm. Eu acho que um dos outros caras aqui não é judeu.” Ninguém vai ofender o visitante, dizendo-lhe: "Uh, na verdade é você que não é judeu".
Em cem anos, talvez esses "convertidos" tenham morrido, e seus netos ou bisnetos descobrirão dolorosamente que nenhum judeu observante se casará com eles.
De fato, a rejeição comunitária não demorará tanto, e seus próprios filhos aprenderão em breve que ninguém na comunidade normativa ortodoxa se casará com eles.
Sim, os membros da "ortodoxia aberta" se casarão com eles. Assim como membros da comunidade Reformista. Mas Reformistas também se casam com não judeus que se identifiquem como judeus.
A tragédia e a crueldade disso tudo é que o não-judeu da Guatemala ou Honduras queria se converter honestamente e corretamente. No entanto, antes que ele(a) ganhasse informação mais completa e necessária para entender a diferença entre um Giyur apropriado (conversão haláchica universalmente aceita) e uma "Conversão da Ortodoxia Aberta 2018 ao estilo americano", o rabino renegado chegou até ele antes, NÃO DEU A INFORMAÇÃO COMPLETA, e agora o dano está feito.
É imperativo para o público israelense entender que as conversões nas Américas são completamente caóticas.
Os rabinos de hoje em dia já não fazem como era há cinquenta anos atrás, quando simplesmente assumíamos que uma pessoa que se descrevia como "convertido ortodoxo" era obviamente judia. Hoje em dia nós investigamos.
Se um casal vem até mim, solicitando que eu seja o rabino que conduza seu casamento, eu tenho que investigar (se eles são judeus mesmo). Eu nunca tive que verificar velhos tempos, mas os dias de hoje não são como os de antigamente.
A coisa toda é puro e absoluto caos. Não posso começar a descrever quantas pessoas vieram a mim e aos meus colegas - apenas na última década - apresentando-se como judeus na mais pura inocência, quando, no fim das contas, simplesmente não eram.
Uma mãe se converteu trinta anos atrás com um rabino Conservador que a imergiu na piscina no quintal (e não em uma mikva), após, esta mulher adotou uma menina não judia que nunca passou por nenhuma conversão, mesmo uma halachicamente nula. No entanto, ambas as mulheres foram levadas a acreditar que eram judias conforme a halacha. Isso acontece o tempo todo.
Lembre-se: 71% de todos os judeus não-ortodoxos que se casam nos EUA estão se casando com não-judeus.
Como a maioria dos meus colegas da RCA, eu na verdade sou um cara bastante flexível. Fui para a Universidade de Columbia e depois para a Faculdade de Direito da UCLA (na Califórnia). Eu trabalhei para um juiz federal de apelação em Louisville, Kentucky. Eu vi muitos filmes, assisti muitas temporadas de jogos no New York Mets, assisti muitas reprises de “Seinfeld”, fui a muitas produções teatrais para passar como uma pessoa comum.
E como meus colegas, eu me preocupo com todas as pessoas. Eu tenho estudantes de direito que são gays e não-judeus vindo a mim em particular para aconselhamento quando uma crise pessoal afeta seus estudos; eles ouviram “Vá ao Prof. Fischer. Ele é um cara muito compreensivo. Ele ajudou os outros quando eles tiveram problemas.” Assim como meus colegas, eu não vou insultar um não-judeu cuja “conversão falsa” é nula e sem efeito. Em vez disso, vou descobrir alguma maneira de ajudá-lo.
Todos os meus colegas rabinos são assim, compreensivos. Porém nenhum de nós chamará tal sujeito que fez uma conversão falsa à Torá, ninguém o contará em um minyan, etc.
É absolutamente necessário que uma agência central e uma câmara de compensação identifiquem quais rabbonim são adequados para conduzir Giyur (conversões haláchicas). Não há necessidade de listar os renegados que não são aceitos.
Como a maioria dos renegados se recusa em fornecer às suas possíveis vítimas a revelação completa de que suas “conversões” serão rejeitadas e que os descendentes de suas vítimas serão deixados ao léu no lago judaico sem um remo para remar à costa, é imperativo que o público seja avisado.
Não pode haver rabinos renegados convertendo pessoas fora da sanção da comunidade.
É necessário um sistema de ordem de identificação para linhagem e autenticidade judaica.
As pessoas precisam formular um jeito para que daqui a setenta anos (se Mashiach ainda não chegou), quando os rabinos que fizeram tais conversões em 2018 estiverem mortos e NINGUÉM daqui a sete décadas souber identificar quem foram estes rabinos, para saber se uma conversão feita no ano de 2018 cumpriu os padrões halachicos aceitos e normas comunais para o seu tempo.
Caso contrário, todos os futuros descendentes desses convertidos encontrar-se-ão na terra judaica de ninguém (em sérios problemas).
A Torá nos ordena a amar o convertido, e qualquer coisa menos do que assegurar-lhes um registro reconhecido pelo público judaico é uma atitude criminosa e cruel.
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É isso aí galera... "converter" sem educar, sem explicar, a base de mentiras, coerção, exageros, ameaças e loucuras é facil. Fácil e CRUEL. Cruel com você, cruel com seus filhos, cruel com seus futuros netos e futuros bisnetos, pois serão eles que sofrerão mais com a rejeição.
Kol tov,
Esther