Nomes Hebraicos

Vamos falar de nomes hebraicos. Embora soe um pouco básico, esse assunto confunde até mesmo muitos judeus.
O que é um nome hebraico? Nome hebraico é um nome usado para fins religiosos.
Quando o nome hebraico é dado a uma pessoa? Quando um menino judeu nasce, ele recebe o seu nome hebraico no dia do brit milá. Fácil, não?
Quando uma menina judia nasce, é costumeiro em algumas comunidades (não é uma obrigação, apenas um belo costume) que o pai da menina anuncie o nome que dará a sua filha ao Rabino, durante Shacharit (reza matutina) GERALMENTE em algum Shabat dentro do primeiro mês de nascimento da menina. Não há uma regra para definir a data, então é uma combinação da disponibilidade e saúde do casal e da criança. O rabino fala o nome da menina em voz alta para quem estiver na sinagoga, e aí há rezas, bênção, leitura de Tehilim (Salmos). Não é uma exigência fazer esse cerimonial na sinagoga, caso a família queira fazer em casa, tudo bem.
Essa cerimônia de nomeação da menina tem vários nomes, em Israel é comum que chamem de Britá (בריתה) e de Simchat Bat (שמחת בת). Mas há quem chame de brit bat e zehed habat…talvez existam até outros nomes, mas a finalidade é a mesma: celebrar o nascimento da menina e lhe dar publicamente um nome hebraico.
Porém… se os pais não quiserem fazer cerimônia nenhuma, não há problema nenhum. Eles escolhem o nome hebraico que darão para a filha e tudo bem.
O nome dos bebês, seja menino ou menina, é decidido pelos pais. Well… as vezes acontece a famosa “guerra dos nomes” onde sogros, avós, a parentela toda quer opina agressivamente sobre o nome que a criança deve receber e levam os pais do bebê a loucura e máximo stress…. “Você tem que nomear seu filho com o mesmo nome do vovô Yosef!”, “Como assim você vai nomear sua filha honrando sua avó materna e não sua avó paterna? Você não tem vergonha? Não tem honra?” etc, etc, etc… mas indepentende do stress que a família dos pais da criança cause, oficialmente são os pais que decidem o nome hebraico que darão aos seus filhos.
Judeus por opção, ou seja, pessoas que decidem se tornar judias em vida adulta escolhem seu próprio nome hebraico, o qual recebem oficialmente no dia da oficialização de seu gyiur.
Mas e o nome civil? O nome civil é o nome que temos em nossos documentos para cumprir a lei civil do país onde moramos. Certidão de Nascimento, RG, carteira de motorista, etc.
Já que o nome hebraico é usado somente para fins religiosos, os pais de um bebê judeu podem dar para a criança um nome hebraico para cerimônias religiosas e um civil para seus documentos civis.
Por exemplo, os pais podem decidir dar ao filho o nome de Shlomo durante a cerimônia de brit milá, mas ao fazer o registro de nascimento da criança, podem muito bem colocar um nome civil que não tem nada a ver com Shlomo…tipo… George Frederico Spielberg (huahaua).
A mesma coisa para meninas, pode receber o nome hebraico na cerimônia de simchat bat e os pais, se quiserem, podem colocar outro nome na certidão de nascimento dela.
Essa é na verdade a opção escolhida pela maioria dos pais judeus. Colocam um nome civil e um nome hebraico na criança. Isso até concilia os desejos dos pais…por exemplo… uma mulher sempre sonhou em uma filha chamada Jenniffer… aí ela tem uma filha que precisa de um nome hebraico… e Jenniffer, well…é um nome americano… os pais dessa menina podem dar o nome hebraico para a bebê, Aviva, por exemplo, mas registrá-la como Jennifer.
Mas se os pais quiserem colocar o mesmo nome civil e hebraico na criança (o que é mais do que comum em Israel), podem, porém nunca será exatamente a mesma coisa já que pela lei civil, as pessoas tem que registrar também um sobrenome. Então um menino que recebe o nome hebraico de Shlomo pode sim ter sua certidão de nascimento civil com o mesmo nome, Shlomo, porém será Shlomo Katz, Shlomo Benamou, Shlomo Benaroch, Shlomo etc etc etc.
Um(a) judeu(ia) por opção não tem essa escolha, pois já possui o nome civil quando, no dia do gyiur, recebe seu nome hebraico.
Gerim tem que esquecer seu nome civil e usar só o nome hebraico no dia a dia? Não.
Quando uma pessoa se converte ao Judaísmo, ela não rasga seus documentos civis, não se preocupem.
O que acontece é que ESCOLHEMOS se no dia a dia queremos ser chamados por nossos nomes hebraicos ou civis. É uma escolha pessoal, não uma obrigação.
Há gerim, como eu por exemplo, que decidiram usar o nome hebraico no dia a dia, e o nome civil somente em situações ligadas a documentos, governo etc.
Há gerim que não usa o nome hebraico no dia a dia, só o nome civil. Essa escolha é feita pela maioria de gerim que já conviviam na comunidade judaica ANTES do dia do gyiur. Tipo… é bem estranho uma mulher que se chame Alice e que frequente uma comunidade judaica por uns 2 anos e que no dia que ela se converte, anuncia bruscamente a todos os conhecidos da sinagoga “Não me chame mais de Alice, me chame agora de Mirian.” É uma situação estranha e rara de acontecer. Acontece, mas repito, é raro.
Há gerim que mistura o nome hebraico e civil no dia a dia.
Cada pessoa tem suas razões para ter feito tal escolha. No meu caso, meu nome civil é Patrícia, nome escolhido pela minha santa mãe. No Brasil, qdo fiz meu primeiro gyur, escolhi meu nome hebraico mas continuei sendo Patrícia normalmente.
Quando conheci meu marido e lhe disse meu nome, ele pronunciou Patrícia como PÉTRUÍSHIA. Pétruíshia…fala sério. Minha reação não foi muito boa, aí pedi pra ele me chamar só de Esther. Depois, quando me mudei pra Israel e atendi uma midrashá americana, tive o mesmo resultado… todas as mulheres pronunciavam meu nome Pétrísha ou Pétruíshia …então decidi de vez me apresentar somente como Esther.
Esther é um nome universal que é pronunciado da mesma maneira na maioria dos países (muitos anos atrás fui ao Japão, é lá me apresentei como Esty porque o “er” e Esther era difícil pra pronúncia local…sendo assim, se um dia me mudasse pra lá, deixaria o Esther para o dia a dia e viraria Esty).
Se eu gosto de ser chamada de Patrícia? Para quem me conheceu ANTES de eu ter adotado o nome Esther no meu dia a dia, ok. Nunca falei para minha família e amigos brasileiros que me conhecem de longa data para me chamarem de outro nome além do meu nome civil.
Agora para quem já me conheceu como Esther, eu quero que tal pessoa continue me chamando de Esther. Não gosto de confusão de identidade. Quando uma pessoa se apresenta com um nome, é aquele nome que deve ser usado.
E eu não tenho que explicar pra ninguém que quando uma pessoa conhece um ger ou geyores que usa o nome hebraico no dia a dia, mas tal pessoa INSISTE em chamar os gerim pelo nome civil é porque tal pessoa tem baixa auto estima e pensa que fazendo assim vai colocar os gerim abaixo de seus pés, certo?
Enfim, desde Março de 2006 eu me apresento e sou chamada de Esther, que é o nome hebraico que escolhi. E se um dia me mudar pro Japão, serei Esty hauahuauahua
E o que acontece com judeus que NUNCA receberam um nome hebraico?
Para surpresa de muitos, isso acontece bastante. Muitos bebês judeus nascem e nunca recebem um nome hebraico. Isso acontece porque muitos casais judeus não se afiliam a nenhuma comunidade ou não querem nada com religião. Aí só escolhem e registram a criança com um nome. Depois de muitos anos, tal criança cresce e só vem descobrir que existe uma coisa chamada “nome hebraico” em vida adulta.
Alguns nunca nem descobrem, porque seguem o exemplo dos pais e não estabelece nenhum contato ou desejo de aproximação com aspectos religiosos do Judaísmo. São apenas judeus de nascimento, possuindo apenas uma vaga ideia do que é Judaísmo.
Mas há uma solução para isso! Quando um(a) judeu(ia) que não possui um nome hebraico decide adotar um, basta conversar com o Rabino que ele explica como é o processo de escolher um nome e faz uma pequena cerimônia, digamos assim, onde a pessoa – homem ou mulher - recebe seu nome hebraico.
Mas pra que serve um nome hebraico? Não vou me aprofundar muito em História, mas quando os governantes dos países onde judeus moravam decidiram que toda a população deveria ter um nome e um sobrenome, para identificação em documentos, judeus tiveram que abandonar seus nomes hebraicos que usavam no dia a dia e passaram a usar nomes civis.
Antigamente, judeus eram “fulano filho de sicrano”, “fulana, filha de sicrano” ou “fulana esposa de sicrano” e por aí vai.
Com a nova lei de que todos tinham que ter nome e sobrenome, alguns judeus adaptaram seus nomes hebraicos e todos adotaram sobrenomes. Tais sobrenomes eram ligados a cidade onde moravam, país, profissão, etc.
Aqui em Montreal, por exemplo, há uma grande família marroquina cujo sobrenome é Lallouz. Em conversa com uma mulher desta família, ela me contou que quando o Rei do Marrocos estipulou a lei de que todos deveriam ter um sobrenome, naquela época o patriarca da família era apenas “fulano filho de sicrano”, como todos os homens judeus. Porém, com a nova lei, ele escolheu um sobrenome que representava sua profissão… ele fazia velas…e era um judeu de ascendência espanhola, então… o sobrenome que ele escolheu foi Laluz (La Luz: A Luz). Com o tempo e crescimento da família em diferentes países, Laluz hoje em dia pode ser escrito como Lallouz, Lalluz, Lalouz etc. Ok, voltando a 2020… hoje em dia o nome hebraico é necessário somente para CERIMÔNIAS RELIGIOSAS. Quando uma cerimônia religiosa é feita para judeus e judias, SOMENTE O NOME HEBRAICO da pessoa é usado.
Por cerimônias religiosas leia-se, brit milá, bar e bat mitzvá, rezas, alyiha a Torá (se chamado para leitura da Torá na sinagoga), casamento e sepultamento.
Bat? Ben? Bar? O quê? Primeiro, tenho que fazer uma piada com messiânicos. Caracas… a maneira mais fácil de identificar um messiânico sem noção brasileiro no Facebook é pelo uso de nomes hebraicos absurdos ou ridículos. Messiânicos americanos, por outro lado, são mais profissionais e em 99% das vezes, não se colocam nestas situações cômicas.
Nomes para diferentes ocasiões Para homens, em ocasiões alegres, ele é chamado de fulano BEN (filho) seguido pelo nome hebraico do PAI.
Num brit, bar mitzvah, alyiha a Torá, o judeu seria chamado assim.
Quando um homem precisa que alguém reze por ele, então o homem é chamado de fulano BEN (filho) seguido pelo nome hebraico da MÃE.
Isso acontece porque a figura da mãe é melhor e mais associada a misericórdia e compaixão para com os problemas dos filhos.
Para mulheres, GERALMENTE (não é uma regra, mas é o que acontece na maioria das vezes) ela é chamada de fulana BAT (filha) seguido pelo nome hebraico da MÃE, tanto para ocasiões alegres quanto para orações. É raro ouvirmos na sinagoga ‘Mirian bat Shlomo’, por exemplo. Em grande parte das comunidades, a mulher só é chamada pelo nome do pai e mãe durante a leitura da ketubá (contrato de casamento). Mas repito, isso não é uma regra, é apenas um costume que pode mudar de comunidade para comunidade.
Sepultamento Em rituais fúnebres, ashkenazitas seguem a tradição de falar o nome da pessoa falecida seguido pelo nome do pai durante o funeral.
Eu nunca perguntei, mas noto em funerais de sefaraditas, que eles pronunciam o nome do pai e da mãe da da pessoa falecida. E já vi casos onde só o nome da mãe foi falado.
Há um costume no Judaísmo que me foi explicado por uma de minhas professoras anos atrás, Rebbetzin Malkah Kaganoff, de que não devemos estudar rituais fúnebres, sem necessidade. Rituais fúnebres só devem ser estudados por quem se torna enlutado ou por alguém que precisa aprender tais leis e costumes, por exemplo, um Rabino ou alguém diretamente envolvido com a situação. Então, seguindo o conselho desta Rebbetzin, eu não irei pesquisar a diferença de nomeação hebraica dada para ashkenazitas e sefaraditas, e que possamos todos viver até os 120 anos, assim como nossos familiares e amigos!
Nome yidish é nome hebraico? Mas uma coisa eu posso falar entre nomes hebraicos ashkenazitas e sefaraditas: LIDAR COM NOMES SEFARADITAS É MAIS FÁCIL!
Enquanto sefaraditas usam somente nomes hebraicos tradicionais, ALGUNS ashkenazitas usam nomes yidish que é uma combinação de hebraico e idiomas do leste europeu e Rússia.
É muito raro, mas alguns ashkenazitas até mesmo fazem uma combinação de sílabas de palavras hebraicas para dar um nome “hebraico-americanizado” a criança. Eu já vi um caso…uau… os pais não deram nome hebraico para a pessoa… aí a pessoa fez teshuva (decidiu se tornar religiosa em vida adulta) e disse ao rabino que queria o mesmo nome civil e hebraico… rapaz… esse rabino batalhou pra achar uma combinação válida de letras/sílabas em hebraico que desse validade a escolha da pessoa. No final, funcionou, a pessoa manteve o mesmo nome hebraico que o nome civil. Vale? Vale. Vale sim. Pra falar a verdade, no passado isso era bem mais comum do que hoje em dia… por exemplo… Esther não é um nome de origem hebraica, sacas? Onkelos tbm não.
E quando o ashkenazita tem 500 nomes e é chamado a Torá em numa sinagoga sefaradita?
Sefaraditas, Baruch Hashem, mantém a coisa num nível fácil: nome e sobrenome, fulano ben sicrano ou fulana bat sicrana. Pronto.
Ashkenazitas, por outro lado, podem ter uns 3 nomes + ben + 2 nomes do pai… tipo… Abraham Shlomo David ben Yitzhak Meir, Simcha Malkah bat Feigel Leah Miriam… e por aí vai… a combinação é infinita.
Por quê isso acontece? Ashkenazitas seguem a tradição de nomear uma criança em honra a um parente falecido que tinha boa reputação. O parente pode ser direto ou indireto. Sendo assim, o garoto cujo nome hebraico é Yitzhak recebeu este nome em honra a um avô (tio, primo etc) falecido. O mesmo acontece para meninas.
Em comunidades religiosas, é muito comum perguntarmos a uma criança qual o nome dela e recebermos a resposta “meu nome é tal, eu fui nomeada em honra de minha parente tal que faleceu (a criança explica a ocasião, se no Holocausto, alguma guerra, algum martírio, ou se em paz, ou porque a pessoa se destacava das demais, talvez por tremenda chessed etc)”, por exemplo. Não é sempre que isso acontece, mas…se acontecer com vocês, não se choquem, é algo comum receber uma resposta assim.
Quando o casal (ou a família) quer honrar mais de uma pessoa…aí coloca um nome duplo na criança… e aí a criança recebe o nome de Yitzhak (avô que salvou vidas no Holocausto) Shlomo (um tio que era muito estudado)… aí o nome hebraico do menino é Yitzhak Shlomo… se a família não entrar em consenso e quiser honrar além do tio e avô, um outro parente falecido cujo nome era Meir… a criança se torna Yitzhak Shlomo Meir ben (nome do pai, que pode ser um nome, dois ou até mesmo três). O mesmo acontece com mulheres, que podem ter mais de um nome hebraico e serem filhas de mulheres que também possuem mais de um nome hebraico.
Em comunidades sefaraditas, a família procura honrar parentes VIVOS, geralmente o avô ou avó (mas podem ser outros parentes de destaque). Por isso a maioria das crianças sefaraditas tem só um nome. Porém… é comum que em uma mesma família, várias crianças tenham o mesmo nome hebraico… por exemplo, se na família o avô se chama Abraham, a maioria dos netos receberá o nome de Abraham e aí a família terá vários Abraham, sendo diferenciados apenas pelo nome do pai.
Meu marido…ele tem dois nomes hebraicos + ‘ben’ + três nomes (o pai tinha 2 nomes e recebeu um terceiro nome quando ficou muito doente)… quando visitamos sinagogas ashkenazitas e ele é chamado a Torá, ótimo, tudo corre suavemente. Mas quando visitamos sinagogas sefaraditas, é sempre uma expressão de surpresa no rosto dos outros homens que estão lá na bimá (onde a Torá será lida). É tão engraçado que ele LITERALMENTE imprimiu o nome hebraico dele completo em um pedaço de papel e o mantém dentro do sidur, assim quando acontece dele ser chamado em uma sinagoga sefaradita, ele fala o nome e entrega o papel, pra evitar a fadiga de ter que repetir o nome várias vezes kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Sim, isso é uma história real.
Importância espiritual do nome hebraico Wow… se você ainda tem paciência de continuar lendo… vamos lá:
Em RESUMO, cada letra do alfabeto hebraico possui significado.
Palavras, no Judaísmo, possuem poder. O mundo, por exemplo, foi criado através de uma palavra e não de um pensamento ou um gesto. Foi através do poder da fala.
Acreditamos que o nome hebraico influencia a vida da pessoa, trazendo para a pessoa potencial para alterar seu destino, identidade, características e até mesmo situações na vida da pessoa.
De forma resumida, o nome hebraico está diretamente ligado a alma da pessoa que o possui.
Embora os nomes hebraicos mais populares sejam os de pessoas contidas na Torá, nomes hebraicos podem também dizer respeito a estações do ano, frutas, plantas, animais, fenômenos climáticos etc.
Alguém que vai escolher o nome hebraico para um(a) filho(a), deve pensar bem no poder que aquele nome pode ter no destino da criança.
Uma pessoa que se converte ao Judaísmo também deve escolher o nome hebraico com cuidado.
Por quê escolhi Esther? Bom… quando comecei a ler sobre nomes hebraicos, eu pensei em escolher Ariella. Nome lindo, feminino, a raíz do nome é ‘leão’ (ariel = leão, em hebraico).
E por tempos pensei que esse seria o nome perfeito pra mim. Era uma confirmação de quem eu achava ser! Um leão bravo! RRRRROOOOOAAAARRRRRRRR
No entanto… quando aprendi que o nome hebraico pode ter influência na vida da pessoa, que pode acentuar ou diminuir certas características pessoais, eu pensei melhor…por natureza, eu gosto de brigar.
Nunca fiz baixaria na rua, nada disso, é apenas minha natureza brigar por uma causa que eu ache válida. Se eu ver uma razão ou uma causa para brigar, eu vou até o fim. Na minha vida, desde criança, eu estava sempre metida em situações assim e cabia a minha mãe pedir desculpas peloe estrago que eu tinha feito… tenho personalidade forte, digamos assim… o que tem um lado bom, pq se eu considero uma pessoa como amiga e tiver 100% de certeza da honra da pessoa, eu tbm vou até o fim para defendê-la. É uma espada de dois gumes.
Enfim… aí eu pensei… “Ariella… um leão… um leão valente… se eu escolho esse nome, vou acabar brigando todo dia, o dia todo… não… tô cansada de brigar, não quero mais isso não… quero um nome de uma pessoa calma, que escute, obedeça, que seja calculista e até mesmo passiva, pois preciso adicionar esse atributo de calma na minha personalidade…”
Aí depois de muito ponderar sobre diversos nomes, o de Esther HaMalkah (Rainha Esther) foi o ideal! Esther tinha absolutamente todos os atributos que eu precisava, a personalidade dela era um total contraste com a minha! (eu lá ia obedecer um tio que tava me forçando a entrar num concurso de beleza a fim de me casar forçada? Nunca! Eu jogava um vaso na cabeça desse tio e fugia de camelo mundo afora, tô nem aí! Entre outras coisas que eu jamais faria que estão escritas na Megilah, o lado passivo de Esther me enfurecia!).
Enfim, Esther era o meu contraste, ela era muito passiva, muito calma, muito obediente, muito zen… então escolhi esse nome. Esther possuía exatamente os atributos que eu precisava adicionar a minha vida.
Se eu senti alguma diferença na minha personalidade desde que adotei esse nome? Olha… eu vou ser sincera, notei sim. Não posso falar com certeza (pois não é uma coisa visível) se o fato de ter adotado esse nome foi realmente o motivo de minha lenta mudança, ou se o fato de eu ser chamada de ESTHER o dia todo por todo mundo me faz refletir subconscientemente sobre os atributos de calma da Rainha Esther… não sei explicar o lado científico da coisa, só sei que eu acalmei sim.
Embora eu ainda seja quem sempre fui (ninguém muda o que é, apenas melhoramos ou pioramos dentro do que já somos), eu consigo hoje em dia me sentar, parar e refletir antes de agir. Não é fácil, devo confessar. Uma pessoa com personalidade dura tem que matar um leão por dia para manter uma vida social relativamente normal…é um exercício constante, as vezes eu acerto, muitas vezes eu falho, mas o importante é que estou sempre tentando melhorar.
Kol tuv,
Esther