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Talmud - O Mistério do Livro das Genealogias





Traduzi um texto interessante sobre um dos mistérios do Judaísmo...o perdido Sefer Yochasin.


Texto original: https://www.myjewishlearning.com/article/pesachim-62/


 

Texto de RABINO ELLIOT GOLDBERG:


O Talmud Babilônio está longe de ser o único texto produzido pelos rabinos. Além do Talmud Babilônio (Bavli), temos o Talmud de Jerusalém (Yerushalmi), também temos o Tosefta (um texto que se assemelha à Mishná, mas contém muitos ensinamentos não encontrados na Mishná), e algumas compilações de midrash (histórias). Pode muito bem ter havido mais livros que não sobrevivem ao passar do tempo. Na verdade, um daf (página de estudo diário do Talmud) desta semana sugere que houve um livro que desapareceu.


No tratado Pesachim, depois de uma longa sequência de páginas com conversas incrivelmente técnicas sobre o que qualifica ou desqualifica uma oferta pascal, o Talmud repentinamente nos oferece uma história sobre um livro misterioso:

O Sefer Yochasin.


Lemos no daf Pesachim 62:


"O Rabino Simlai veio até Rabino Yohanan. Ele disse: O Mestre me ensinaria o Sefer Yochasin (o Livro das Genealogias)?


Rabino Yohanan disse a ele: De onde você é?


Ele respondeu: De Lod (uma cidade em Israel).


Rabino Yohanan perguntou ainda: E onde é seu atual local de residência?


Ele disse: Em Nehardea (uma cidade na Babilônia onde havia uma grande yeshiva).


Rabino Yohanan disse a ele: Tenho uma tradição de que não ensinamos esses assuntos nem para Loditas nem para Nehardeans, e certamente não para você que vem de Lod e sua residência é em Nehardea, de modo que você tem ambas as deficiências."



Vemos nessa conversa intrigante, que o Rabino Simlai quer estudar o Sefer Yochasin (Livro das Genealogias), mas o Rabino Yohanan quer dissuadi-lo. Rabino Simlai é persistente e insiste que quer aprender, e no final, Rabino Yohanan finalmente concorda em ensiná-lo.


Aproveitando a sorte, Rabino Simlai tem outro pedido, ele diz:


"Podemos terminar (o estudo desse livro) em três meses? Com isso, Rabino Yohanan pega terra do chão e joga no candidato a estudante, exclamando:


"Beruriah, a esposa do Rabino Meir e filha do Rabino Hananya ben Teradyon, aprendia trezentas halachot em um único dia com trezentos sábios, e mesmo assim ela não cumpriu a responsabilidade de aprender o Livro das Genealogias adequadamente em três anos! E você diz que devo ensiná-lo em três meses?"


Se Beruriah (aparentemente a mulher mais genial do Talmud), conhecida por ser excepcionalmente inteligente e sábia, não conseguiu terminar o Sefer Yochasin em três anos, como o Rabino Simlai poderia esperar fazer isso em três meses?


No final, a conversa não tem uma conclusão definitiva, pois volta-se a discutir os sacrifícios de Pesach no Templo, e ficamos sem saber se o Rabino Simlai teve a chance de estudar o Sefer Yochasin ou não.


Alguns comentaristas sugerem que quando ele foi enxotado pela terra jogada em seu rosto e, ao sair, ele fez uma pergunta sobre a mishná sobre os sacrifícios (é por isso que a história dele entraria aqui). Outros comentaristas sugerem que ele fez sua pergunta somente após a conclusão de seu curso de estudos - talvez em apenas três meses.



SEFER YOCHASIN


Então, o que é o Sefer Yochasin, este Livro de Genealogias, que a famosa Beruriah levou três anos para aprender e que Rabino Yohanan estava tão relutante em ensinar ao Rabino Simlai? Essa informação está perdida para nós - e provavelmente também estava perdida para os sábios que escreveram o próprio Talmud. Mais abaixo na mesma página que descreve essa história, encontramos as palavras de Rav:


"Desde o dia em que o Livro das Genealogias foi escondido e não mais disponível para os sábios, a força dos sábios foi enfraquecida e a luz de seus olhos foi diminuída."


Não há outras referências ao Sefer Yochasin no Talmud fora do daf de hoje. Claro, podemos especular sobre o que se tratava. Rashi explica que o livro contém as razões por trás de muitas das mitzvot, então talvez o Rabino Simlai procurasse aprofundar sua compreensão da prática judaica.


Muitos estudiosos sugerem que o Sefer Yochasin foi um comentário sobre ambos os livros das Crônicas, o último livro da Bíblia Hebraica, que contém muitas listas genealógicas. No final, não temos certeza. Mas há mais um comentário sobre esse livro no Talmud, que sugere que o Sefer Yochasim era muito grande:


"Mar Zutra disse: De “Azel” a “Azel” tinha quatrocentos camelos de exposições."


Mar Zutra sugere que desde a primeira referência a uma pessoa chamada Azel em 1 Crônicas 8:38 até a segunda referência, mais tarde no mesmo verso (ou talvez em 9:44) havia quatrocentos camelos carregados de comentários.


(o número de camelos é simbólico, mas serve para mostrar que o Sefer Yochasin tinha muita, mas muita informação)


Não é de se admirar que Beruriah não conseguiu concluir seu estudo em três anos!


https://www.myjewishlearning.com/article/pesachim-62/

 

O Professor para Bnei Noach, Sr. João Alves Correia, encontrou um comentário magnífico do R. Adin Steinsaltz ZT"L, e divide agora conosco:


"A justificativa para ocultar o Livro das Genealogias foi o aumento do número de famílias poderosas que contaminaram sua linhagem. Os Sábios estavam preocupados que, se continuassem a ensinar este livro em público, essas famílias perseguissem e talvez até matassem os estudiosos que o investigavam. Portanto, os Sábios abstiveram-se de ensinar este livro publicamente e em vez disso, transmitiam em particular os nomes das famílias de linhagem contaminada uma vez a cada sete anos" (Maharsha). - Talmud Koren (Noé Edition) sobre Pesachim 62b.


Muitíssimo obrigada, Sr. João Alves Correia!



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